quinta-feira, 6 de março de 2008

A Mais Complexa Indecisão

Por todo o mundo quero viajar
Mas também queria ficar parado.
Dizem que é preciso coração para amar
Mas também é preciso para ser amado.

Se tu não vais, eu não vou.
Se a mim não me amas, eu não te amo a ti.
Porque hei-de dar ali quem eu não sou
Se ainda não dei nada de mim aqui?

Por amor? Por solidadariedade?
Ou será simplemente porque sim?
Não sei se é mesmo tão complexa a amizade,
Porque talvez nunca darei nada de mim.

Ou será que não percebo o que estou a falar
E que canto a dor sem ser fadista?
Talvez seja só o meu cérebro a vomitar
As minhas perguntas, numa infinita lista!

Talvez ao fim de tanta coisa dizer
E de tanto reflectir sobre mim,
A conclusão seja que vá morrer.
Porque todos acabamos assim.

Vivo cada dia como um dia,
Deste modo ou então daquele.
Podemos escolher qualquer via,
Mas viveremos sempre nele.

Talvez seja mais fácil a fantasia
E os contos de "Era uma vez...".
Porque no fim, este poema é uma antologia
De perguntas que acabam em "talvez"!

Por isso canto o que penso sobre mim
Até me fartar de cantar.
Quem sabe se não é mesmo assim
A maneira de um poeta chorar!

Mas para quem pensa que é insignificante
Só porque é um em muitos neste mundo,
Então agora veja a que ponto é interessante
A forma como expressamos um sentimento profundo.

Talvez seja mais fácil rir
E contar apenas até três.
Caso contrário, peço desculpa se me sair
No futuro, mais algum "talvez"!...


Diogo C.

2 comentários:

Isabel José António disse...

Querido Diogo C.,

A vida é, realmente, muito mais feita de "talvez" do que de certezas!

E é por isso que, em cada dia, temos apenas uma certeza: e de termos mais uma nova oportunidade de darmos de nós próprios... De podermos "cantar a Poesia" como dizias no teu outro poema, e com isso tocar os outros.

O amor também é um abrir-se para o outro, uma disponibilidade para o imprevisto, um "dar a mão"...

Parabéns pelo teu blogue e poemas.

Isabel

PS - O José António manda um abraço para todos.

Diogo C. disse...

Conseguiste ler aquilo tudo?

Espero que sim.

Obrigado por todos os teus comentários.

É sempre assim com as pessoas que ameaçam perigo de poeticidade...

Uma maneira sempre nova de ver o mundo.

É por isso que eu acho que não somos insignificantes: podemos ser um grão de pó no mundo, que é um grão de pó na galáxia, que é menos de um grão de pó no universo, mas uma partícula assim tão invisível poder desafiar tudo e todos com a sua maneira de ver o mundo, com o seu perigo (de poeticidade, claro), isso sim, é FANTÁSTICO!

Um abraço enorme (que é minúsculo no unverso, mas sempre garnde de qualquer maneira) do

Diogo